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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


Rio de Janeiro, segunda feira [8 de dezembro de 1924].
Mário.
Quero que você me situe o Paul Reverdy na poesia moderna. O sérgio deu-me de presente Les épaves du ciell, certo de que eu gostaria muito.
Li, reli, estudei, de cabeça p’ra cima, de cabeça p’ra baixo e não compreendi nem senti coisíssima nenhuma. Tive a impressão de estar lendo as concepções de um habitante de outro planeta que por milagre despencasse na terra, conhecendo o vocabulário francês sem porém ligar os vocábulos às coisas significadas. O que me espanta não é não compreender: é não sentir a mínima emoção artística, nada, nada, NADA.
Já peguei no livro em ocasiões diversas, e de uma delas me sentia inteligentíssimo. Pois ao cabo de alguns minutos senti aquela impressão de cansaço em que nada tem sentido, mesmo as coisas mais habituais.
Explique-me isso e mande-me o endereço do Rubens.
Abraços
M.

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