tag:blogger.com,1999:blog-20296562106672238332024-03-19T00:31:51.312-07:00Clube do Leitor SousaClube do leitor de Sousahttp://www.blogger.com/profile/18152408405364712796noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-2029656210667223833.post-9600494254626911792013-01-30T10:44:00.000-08:002013-01-30T10:48:57.270-08:00Cartas<br />
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> Em janeiro de 1926, Bandeira foi a Pouso Alto, Minas
Gerais. Foi também descansar uns tempos na casa de Ribeiro Couto, que nessa
época era promotor nessa cidade mineira. Certo<span class="apple-converted-space"> </span> dia passou por lá Carlos
Drummond de Andrade, para “um jantar entre dois trens”, como relatou o próprio
poeta mineiro. Conheceram-se pessoalmente o autor de<span class="apple-converted-space"> </span><i>A cinza das horas</i><span class="apple-converted-space"> </span>e o futuro autor de<span class="apple-converted-space"> </span><i>Alguma poesia,<span class="apple-converted-space"> </span></i>pois por carta já se conheciam há
alguns anos. Em “carta a Mário de Andrade, Bandeira assim se referiu a
Drummond: “O Drummond jantou aqui conosco. Feinho pra burro. Implicantinho. A
gente não faz fé. Couto deu uma esfrega de verve nele. Afinal já no trole a
caminho da estação ele riu. Uma semana depois ele escreveu de Belo Horizonte se
rindo muito e mandando quatro poemetos, três dos quais deliciosos, perfeitos,
definitivos”. Drummond, por sua vez, também relatou o episódio em carta a
Mpário de Andrade: “ Que jantarzinho agradável foi esse, e que pena você não
estar presente! Falamos um pouco de tudo e não chegamos a acordo sobre nada.
Gostei muito deles dois, se bem que achasse o Ribeiro Couto mais expansivo que
o Manuel. Este último é assim mesmo? Porém mesmo assim gostei muito dele. São
dois camaradões, não há dúvida”.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Sobre a viagem de volta de Pouso Alto para o Rio de Janeiro,
existe também uma carta saborosíssima de Bandeira para Joanita Blank, datada de
11 de fevereiro e 1926:</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">‘Pois, minha gente, foi uma expedição! Primeiro pra começar, a
estrada de Pouso Alto para a estação estava se consertando, de sorte que não
passava nem automóvel nem charrete. À vista do que tivemos que ir... de carro
de boi! Dois caixões com uma manta por cima e nos instalamos eu, a Menina
[mulher de Ribeiro Couto] e o Couto e levamos uma hora pra chegar – uma coisa
que o automóvel faz em 10 minutos. [...] O carro ia cantando, o crepúsculo
estava estupendo e o Couto (que raspou a cabeça à máquina! Está agora
completo!) me disse: “ Você Manuelzinho, nunca pensou que havia de ter a honra
de viajar em cima de um órgão!”.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Chegados
na estação soubemos que o trenzinho vinha com um atraso de 2 horas. Apenas.
Ficamos lá como almas penas [...] Chegamos a Cruzeiro, para estranha a cama,
não dormir e no dia seguinte viajar de dia, que me cansa tanto? Pois sim!
Comprei passagem no noturno, sem cama. Chegou o trem com meia hora de atraso.
COMPLETAMENTE CHEIO. O Couto quis me reter. Eu arrisquei viajar a pé. Tive
sorte. Logo que o trem partiu, passou o chefe do trem e eu, com o meu arzinho
mais corruptor, perguntei se não podia se dar um jeito pra me arranjar cama.
[...] Não dormi mas fiz melhor: ouvi durante toda a noite o poema futurista
“Petreque-petreque! Petreque-petreque! Túnel! Petreque-petreque! Pontilhão!
Petreque-petreque!- fiiiiiiiii...u! Parada. A lanterninha do vigia. Uma voz no
meio da noite. Etc.</span></i><br />
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><br /></span></i>
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><br /></span></i>Clube do leitor de Sousahttp://www.blogger.com/profile/18152408405364712796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2029656210667223833.post-60446231086495561472013-01-30T10:43:00.000-08:002013-01-30T10:43:03.656-08:00<br />
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Rio de
Janeiro, 16 de dezembro de 1925.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mário.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Recebi
a carta, os versos. Antes de mais nada - chegaram as três colaborações.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Como a
"Cidade Nova" vai sair na 2ª semana, para não ficar muito verso
numa semana darei P o trecho de romance, depois
os "Losangos", depois o "Cartaz".189 Tudo
está muito bom. Engraçado: você está atravessando a mesma fase que eu no tempo
do Carnaval, - o de pesquisas técnicas e eu sinto que você está experimentando
a mesma volúpia porque você nem eu demos pra isso pelo prazer de vencer uma
dificuldade, como o Guilherme, por ex., gosta de fazer, mas unicamente por
inquietação expressiva: até parece que há um estado de alma em que existe essa
necessidade de pesquisa. Isso digo a propósito dos "Losangos". Começou
o "Mês". 0 mineiro achei fraco, uma maneira de dizer muito
influenciada por você e um tonzinho um pouco conceited. Quando ontem
comecei a ler o artigo do Sérgio, pensei comigo: esta gente está explicando
demais! Porém achei o explicador bom. Hoje sou eu. Só quero ver o que
você diz do meu (Adeus de) Teresa...</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A sua
carta me deixou estupefacto. Eu não sabia que era assim! Puxa, agora sou
eu que tenho medo da responsabilidade. Estas coisas que você me escreveu são
tão sérias e tão enormemente comoventes na boca de um homem que é melhor não
comentar. Tive de refletir sobre os meus próprios sentimentos que não eram e
ainda não estão muito claros. Mas \,ocê ajudou a análise e me tirou
do caminho errado porque, te digo com toda a franqueza, eu já estava muito
inclinado a pensar que não lhe queria verdadeiramente bem, mas apenas uma
profunda e gostosíssima admiração. Isso nasceu com toda a certeza do fato de
ter a nossa amizade nascido e crescido em cartas. Há uma diferença grande entre
o você da vida e o você das cartas. Parece que os dois vocês estão trocados: o
das cartas é que é o da vida e o da vida é que é o das cartas. Nas cartas você
se abre, pede explicação, esculhamba, diz merda e vá se foder; quando está com
a gente é... paulista. Frieza bruma latinidade em maior proporção pudores de
exceção. Você esteve na minha casa aqui e não cometeu a menor indiscrição: não
olhou pra nada. Eu quando fui à sua, escrafunchei tudo. Você tem uma natureza
retalhada de mil direções afetivas e certas coisas que eu não saberia dizer
agora quais são me aporrinham, mas você disse uma coisa baita na sua carta que
é aquela atenção paterna com que eu quero que as suas coisas fiquem excelentes.
Mas ainda isso eu poderia explicar do seguinte modo: eu carrego uma porção de
coisas que não sei exprimir; você sente essas coisas como eu por exemplo a vida
brasileira; quando eu vejo uma coisa dessas expressa por você sinto uma
doçura </span></i><a href="" name="OP1_51ZY6W3A"><i><span style="color: #0068cf; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">indefinível </span></i></a><i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">-tão doce que agora fiquei com
os olhos cheios de água só de aludir a isso! É natural, pois, que quando no
meio aparece um detalhe que não vem na mão eu fale pra que tudo seja gostosura.
Eu noto mais a minha amizade na raiva com que te defendo. Tenho ensinado muita
gente a compreender e gostar de você. Muita gente rebelde vai cedendo terreno
mas </span></i><a href="" name="OP1_t8S38Z6D"><i><span style="color: #0068cf; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">manhosamente, </span></i></a><i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">voltando com ataquesinhos em
que procuram interessar a minha vaidade, opondo-me a você. Instantaneamente eu
reajo com aquela nitidez verbal que em mim é sinal certo de tesão intelectual.
0 que você diz da hora da morte acho que é verdade... Com as mulheres eu sou
capaz de ser a todo o instante como poderei ser com os homens só na hora da
morte ou então de gravidade tão grande quanto a hora da morte. Mas essa força a
que voce se refere existe em mim -veio da doença - e eu tenho plena consciência
dela. A minha meiguice é uma coisa formidável, Mário, e às vezes me sufoca.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Precisamente
tudo isto aconteceu num momento dela. Eu tenho vivido numa exaltação que parece
que vou arrebentar. Deus me livre de arrebentar agora! Eu morreria desesperado.
Mas voltemos a você. 0 "Ponteando sobre o amigo bom" está numa altura
e numa perfeição que é uma delícia pra mim. Não mexa no 1 </span></i><a href="" name="OP1_8Waxh7cL"><i><span style="color: #0068cf; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">' </span></i></a><i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">"Eu
desejo que todos os rapazes deste mundo"</span></i><a href="" name="OP1_ct5Tv8pL"><i><span style="color: #0068cf; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">-</span></i></a><i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não há monotonia. Pode mudar o
desprendimento fecundo e militar (não foi esse verso que você achou sem ritmo?)
Não entendo "Enquanto a gente for se escutando as palavras" (o ritmo
e a música estão muito bonitos). Não notei a ressonância
"encia", mas depois que você chamou a atenção, passei a
senti-Ia. 0 que me parece é que você quer fazer poesia de sentimento e não de
emoção. Pode a emoção aparecer no sentimento, mas este sempre é dominador e
cíclico. Dá esse repouso de altitudes. Somente, Mário, você não está
fazendo poesia assim porque anda pensando nisso -você não o conseguiria! Você
está pensando assim porque a poesia que se está agitando em você é que é assim.
Mas isso não tem importância, basta que você saiba, pra seu gozo pessoal, que
este "Ponteando" e a "Tarde, te quero bem" produzem
exatamente a impressão - com que você sonha - de ardência interior, de pureza
que enleva. A técnica, o ritmo estão uma coisa nova: não é metrificação nem é
verso livre. Parece que todos os versos tem a mesma medida - o mesmo no de
sílabas - com ritmos diversos.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mário,
você deve ter a consciência que eu não podia responder direito aos seus versos
e a sua carta. Elas vieram de muito de cima e depois eu estou absolutamente
incapaz de coordenar o que sinto e penso.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Um
grande e comovido abraço do</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">M.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">PS.
Ponha "Canção do ai alegre".<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 12.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><br /></span></i></div>
Clube do leitor de Sousahttp://www.blogger.com/profile/18152408405364712796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2029656210667223833.post-44515425640624715782013-01-30T10:40:00.001-08:002013-01-30T10:40:06.724-08:00<br />
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Manu</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">do
coração, fui à merda como você me mandou porém fui xingando "Manu tá
besta" todo o tempo. Você me pergunta: "Será mesmo que você pensa que
eu te aprecio porque te quero bem?" Nunca imaginei isso e a prova é a
importância que os reparos críticos de você sobre as minhas coisas tem pra mim.
Faz dias um amigo daqui falou tiririca que ele e os outros dizem que não gostam
duma coisa minha e que eu sorrio não me incomodo e sustento a coisa. Não é bem
isso não: me incomodo porém sustento a coisa porque geralmente constantemente
só falam "não gostei" ou então como no caso da "Maria"
dizem: Tire o "edição de Oxford" porque isso é erudição. Você
compreende: que valor crítico pode ter uma crítica dessas? Da "Cantiga do
ai!" que todos detestaram (menos o Couto, parece) acharam que era
sentimentalismo chorão, quando eu recitei ela com boca sorrindo, ritmo vivo e
voz clara. Até essa incompreensão</span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">me
lembrou esclarecer o nome botando "Cantiga alegre do ai"</span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">ou
"Cantiga do ai alegre", como que você acha melhor? 0 segundo, não? Ou
"Cantiga do ai feliz"? Me responda sobre isso. Mas quando você me faz
qualquer reparo, geralmente aceito (até uns tempos andei aceitando com
docilidade por demais) e quando não aceito modifico, parafuso, repenso,
trabalho e sempre fico numa dúvida baita. Isso prova que sei que você me
aprecia porque aprecia mesmo, com inteligência, com crítica, com independência
de coração. Depois inda vem outra pergunta na carta gostosa de você: "E
será mesmo que eu te quero bem?" Quer, Manu... Você me quer muito bem.
Você comenta que a nossa amizade é carteada... Isso não quer dizer nada, Manu!
Isso é que é o mais puro mais elevado mais masculino feitio e manifestação de
amizade. Você me quer um bem danado no que aliás tem certeza que é
correspondido ponto por ponto. Repare no carinho infinito, atenção paterna com
que você quer que as minhas coisas fiquem excelentes. Não é a gente falando um
pro outro "eu sou amigo de você" que mostra amizade não. É num
pensamento constante do amigo, é numa palpitação pelo amigo, é no
"desejo de sentir o amigo" quando se está longe. E você se for capaz
afirme que não sente isso por mim. Sente, Manu.</span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Porque,
quando alguém me fala que admira que nem eu o James Joyce eu digo: "esse
sujeito é inteligente" e quando me fala que admira você não digo nada não
penso nada porém sinto o prazer físico duma vitória? Depois dessa sensação é
que posso refletir sobre a inteligência do sujeito, sobre o valor da
sensibilidade dele porém primeiro eu senti uma vitória minha, que nem pai cujo
filho teve distinção. Primeiro a gente se revê no que foi distinto e tem orgulho
dele. E já que entrei nesta explicação de amizade, por </span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">1' </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">e
última vez me deixe falar mais uma coisa de que não me envergonho nem peço
retribuição. Eu considero você meu maior amigo, o Amigo, o que eu queria ter a
meu lado na hora da minha morte que como você sabe deve ser uma hora em que a
gente não tem tempo pra esperdiçar. Eu sei que você havia de descobrir num
gesto numa palavra num olhar aquele conforto que faz a gente largar esta
gostosura de vida na Terra certo de que inda permanecerá. Eu sei disso porque
dentro de suas cartas de vez em quando a amizade espia e vem um bafo quente
dela que me faz enormemente confortado e feliz. Por discrição besta, por
seqüestro devido aos resquícios de diletantismo que inda sobram dentro de mim
inda não tive coragem pra te mandar o poema escrito em outubro passado pra
você. É da minha fase nova e tenho a certeza de que nunca escrevi mais elevado
coisas mais bem sentidas. É no meu conceito ou por outra na minha concepção
atual de Poesia, coisa que começou realmente, que se tornou bem consciente com
"Tarde, te quero bem". Agora meu desejo é esse: construir o poema
pau, o poema que não tem nenhuma excitação exterior, nem de pândega, nem de
efeitos nenhuns nem de sentimentos vivazes. Nada que flameje, que rutile, que
espicace. Nada de condimentos nem de enfeites. 0 poema poesia construido com
pensamento condicionando o lirismo que tem de ser enorme (senão não
transparece) o mais formidável que puder porém duma ardência como que escondida
porque inteiramente interior. Enfim: o poema inglês. Shelley</span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">, </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Keats,
Wordsworth, Swinburne, Yeats</span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">,</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> dessa gente. Pleiteio por
Álvares de Azevedo contra Castro Alves, caso típico de poesia excitante, poesia
condimento, poesia </span><a href="" name=""><span style="color: #0068cf; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">cocktail,</span></a><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">poesia-coisas-assim. Quero construir o poema que não se pode ler
no bonde, o poema que não carece de ser recitado, ao contrário que perde quando
recitado (o tempo dos rapsodos e dos menestréis já passou) o poema que carece
ser lido e entendido e o amor verdadeiro há-de descobrir dentro dele o fogo e o
foco ardentíssimos porém que não queimam, em vez elevam consolam e são
fecundos. Você já viu "Maturidade", já viu "Momento</span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">nº
8" e já viu "Tarde, te quero bem". Pois agora veja este
"Ponteando sobre o amigo bom". Leia quando estiver disposto, medite.
E veja que fatura forte, que-dê verso livre dentro desses versos aparentemente
livres? Não tem. E tão medido em tudo, muito mais que um poema parnasiano sem
cair no Parnasianismo. Muitas vezes tenho tentado fazer poemas deste meu novo
gênero sem poder... Requer uma disposição toda especial e tão concentrada de
lirismo que não é muito comum a gente se achar nela. 0 poema enormemente
ingênuo!... Tenho ainda nesta fase um "Ponteando sobre o rapaz morto"
que principia com esta ingenuidade enorme: "Morto, suavemente ele repousa sobre
as flores do caixão". E dou</span><a href="" name="OP1_AZ7TramO"><span style="color: #0068cf; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> minha </span></a><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">palavra que não pretendi fazer
primitivismo</span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">, </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">saiu. Pois leia medite e responda. Estou numa</span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">maturidade
sublime. Me sinto forte e elevadíssimo. Numa felicidade fantástica feita de
êxtase calmo, a calma grande de verão pleno, às 13 horas. Pode ser que eu me
engane muito porém a verdade é que me sinto feliz, dentro bem do meu destino e
isso me basta.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Porém o
que motivou o arrebentamento daquela minha carta não foi não querer que você
goste das minhas coisas ou coisa parecida. Foi você me obrigar, querer me
obrigar a bancar o gênio pela Noite, a bancar o escritor sério pra vocês
mantidos pela artilharia de proteção poderem pagodear à vontade. </span><a href="" name="OP1_fab1dg8U"><span style="color: #0068cf; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">P...!</span></a><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">pois eu
não posso pagodear também!</span><span style="color: green; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Dei o cavaco. Palavra que tive
vontade que saíssem coisas bem ruins as minhas colaborações só pra vocês se
desiludirem e montarem no porco. 0 que eu quero não é que vocês não me apreciem
e o digam (isso anima) quero mais é que vocês não me obriguem a dar mais do que
posso e esperem de mim mais do que posso dar. Me deixem poetinha menor como
tenho certeza de ser (na verdade acho a opinião que você tem de mim exagerada
porém sei que isso provém duma correspondência especial de sensibilidade e não
de você querer bem) e então e,-, vez de desilusões comigo terão prazer com as
minhas coisas.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E pra
você ver o que é amizade fui à merda com esta carta porém obriguei você a ir
junto comigo. Agüenta, </span><a href="" name="OP1_hv0z8J4n"><span style="color: #0068cf; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Felip</span></a><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">e</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ciao. Estou
melhorando.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mário</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
Clube do leitor de Sousahttp://www.blogger.com/profile/18152408405364712796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2029656210667223833.post-41905373542745465792013-01-30T10:30:00.002-08:002013-01-30T10:30:33.085-08:00<br />
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Rio de
Janeiro, 15 de março de 1929.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> Mário</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">(...)</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O “libertino” me agrada extraordinariamente e pouco me importa
que tomem por outra coisa. Me lembrei outro dia desse título<span class="apple-converted-space"> </span><i>Outra coisa.<span class="apple-converted-space"> </span></i>O Alcântara achou muito bom. Que
acha? Eu prefiro este que Rodrigo proprôs:<span class="apple-converted-space"> </span><i>Libertinagem<span class="apple-converted-space"> </span></i>apesar de haver o<span class="apple-converted-space"><i> </i></span><i>Le libertinage<span class="apple-converted-space"> </span></i>de Aragon, estou tentadíssimo.<span class="apple-converted-space"> </span><i>Libertinagem</i>serve para a forma
e por ironia para o fundo. Nem é tão irônico assim: na “Oração a Terezinha do
Menino Jesus” há uma confusão de oração e cantata, da santa e da mulher, que
tem alguma coisa de sacrílego, de “libertino” no sentido original francês.<span class="apple-converted-space"> </span><i>Libertinagem</i><span class="apple-converted-space"> </span>é dúbio, é triste, é geral, é breve, é
bonito...</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Cunha ou coroa?<span class="apple-converted-space"> </span><i>Libertinagem<span class="apple-converted-space"> </span></i>ou<span class="apple-converted-space"> </span><i>Outra coisa?<span class="apple-converted-space"> </span></i>Ou outra coisa?</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Abraços do</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> <i>M.</i></span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><i><br /></i></span></div>
Clube do leitor de Sousahttp://www.blogger.com/profile/18152408405364712796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2029656210667223833.post-25447385245412294492013-01-30T10:17:00.000-08:002013-01-30T10:17:23.157-08:00<br />
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Rio de Janeiro, segunda feira [8 de dezembro de 1924].</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mário.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Quero que você me situe o Paul Reverdy na poesia moderna. O
sérgio deu-me de presente<span class="apple-converted-space"> </span><i>Les
épaves du ciell</i>, certo de que eu gostaria muito<i>.</i></span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Li, reli, estudei, de cabeça p’ra cima, de cabeça p’ra baixo e
não compreendi nem senti coisíssima nenhuma. Tive a impressão de estar lendo as
concepções de um habitante de outro planeta que por milagre despencasse na
terra, conhecendo o vocabulário francês sem porém ligar os vocábulos às coisas
significadas. O que me espanta não é não compreender: é não sentir a mínima
emoção artística, nada, nada, NADA.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Já peguei no livro em ocasiões diversas, e de uma delas me
sentia inteligentíssimo. Pois ao cabo de alguns minutos senti aquela impressão
de cansaço em que nada tem sentido, mesmo as coisas mais habituais.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Explique-me isso e mande-me o endereço do Rubens.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Abraços</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">M.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><br /></span></i></div>
Clube do leitor de Sousahttp://www.blogger.com/profile/18152408405364712796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2029656210667223833.post-83687203392384342892013-01-30T06:12:00.000-08:002013-01-30T06:14:19.173-08:00Cartas<br />
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i style="line-height: 14.25pt; text-indent: 2cm;"><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">[São Paulo, fevereiro de 1923].</span></i></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Querido Manuel.</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não me condenes antes que me
explique. </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Depois perdoarás. </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Foi assim. Desde que cheguei ao Rio disse aos amigos: Dois dias
de Carnaval serão meus. Quero estar livre e só. Para gozar e para observar. Na
segunda-feira, passarei o dia com Manuel, em Petrópolis. Voltarei à noite para
ver os afamados cordões.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Meu Manuel... Carnaval!... Perdi o trem, perdi a vergonha, perdi
a energia... Perdi tudo. Menos minha faculdade de gozar, de delirar... Fui
ordinaríssimo. Além do mais: uma aventura curiosíssima. Desculpa contar-te toda
esta pornografia. Mas... Que delícia, Manuel, o Carnaval do Rio! Que delícia,
principalmente, meu Carnaval! Se estivesses aqui, a meu lado, vendo-me o
sorriso camarada, meio envergonhado, meio safado com que te escrevo: ririas.
Ririas cheio de amizade e de perdão.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Nada me faz esquecer-te. Mas quem falou em esquecimentos e
abandono? Nem tu, tenho certeza disso. Foi leviandade. Criançada nada mais. Meu
cérebro acanhado, brumoso de paulista, por mais que se iluminasse em desvarios,
em prodigalidades de sons, luzes, cores, perfumes, pândegas, alegria, que sei
lá!, nunca seria capaz de imaginar um Carnaval carioca, antes de vê-lo. Foi o
que se deu. Imaginei-o paulistamente. Havia um quê de neblina, de ordem, de
aristocracia nesse delírio imaginado por mim. Eis que sábado, às 13 horas,
desemboco na Avenida. Santo Deus! Será possível!...</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Sabes: fiquei enojado. Foi um choque terrível. Tanta
vulgaridade. Tanta gritaria. Tanto, tantíssimo ridículo. Acreditei não suportar
um dia a funçanata chula, bunda e tupinambá. Cafraria vilíssima, dissaborida.
Última análise: “Estupidez”!</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Assim julguei depois de dez minutos que não ficaria meia hora na
cidade.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas, por isso talvez que tanto tenho sofrido dos julgamentos
levianos, jurei para mim olhar sempre as coisas com amor e procurar
compreendê-las antes de as julgar. Comecei a observar. Comecei a compreender.
Uma conversa iluminava-me agora sobre uma ridícula baiana que há pouco vira. A
pobreza de uns explicava-me a brincadeira de outros.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Admirei repentinamente o legítimo carnavalesco, o carnavalesco
carioca, o que é só carnavalesco, pula e canta e dança quatro dias sem parar.
Vi que era um puro! Isso me entonteceu e me extasiou. O carnavalesco legítimo,
Manuel, é um puro. Nem lascivo, nem sensual. Nada disso. Canta e dança. Segui
um deles ema hora talvez. Um samba num café. Entrei. Outra hora se gastou.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Manuel: sem comprar um lança-perfume, uma rodela de confete, um
rolo de serpentina, diverti-me 4 noites inteiras e o que dos dois dias me
sobrou do sono merecido.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E aí está porque não fui visitar-te.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Estou perdoado.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Sei que me perdoarás principalmente quando souberes que até
parentes, moradores da rua Dona Mariana, deixei de visitar.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Principalmente quando souberes que tendo perdido tantas coisas
no Carnaval, não perdi a máquina fotográfica, antes cinematográfica de meu
subconsciente. Aqui estou na vida cotidiana. Pois não é que ontem começaram a s
revelar fotografias e fotografias dentro de mim! Pois não é que, No écran das
folhas brancas, começou a se desenrolar o filme moderníssimo dum poema!</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">“Carnaval carioca”. Está saindo. Parece mesmo que estou
satisfeito com ele. Será mais ou menos longo. E muito meu. Há um trechinho
sobre o destino do poeta, descrevo a dona de minha aventura, rezo, canto,
grito... O diabo! O menos<span class="apple-converted-space"> </span><i>jeune-fille<span class="apple-converted-space"> </span></i>dos meus poemas<i>.<span class="apple-converted-space"> </span></i>Quando estiver pronto, receberás
cópia.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas basta de Carnaval.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Quero agora dizer-te quanto me agradou o carinho e a verdade do
teu artigo. És muito bom e muito amigo. Muito obrigado. – Nem podes imaginar
como é grande este “muito obrigado” porque não imaginas o benefício que me
fazes. Eu, diretor (ex, porque já chegou o homem que eu substituía) do
Conservatório, crítico gritador, homem corajoso, forte... Pura máscara! Puro
Carnaval! No fundo sou uma criança. Infantil. Titubeio. Duvido. Se não tivesse
raiva de mim mesmo, creio que choraria.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O que vocês, rapazes do Rio, fizeram por mim, é coisa que nunca
pagarei.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Trago-te comigo.Até breve.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Até
junho ver-nos-emos no Rio? Ou em Petrópolis se inda lá estiveres.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Dessa vez nenhum Carnaval me fará roer a corda.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Até breve, mais uma vez.</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background: white; line-height: 14.25pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mário</span></i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Segoe UI","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background-color: white; line-height: 14.25pt; margin: 0cm 0cm 16.2pt; text-align: justify; text-indent: 2cm;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 14.25pt; margin: 0cm 0cm 16.2pt; text-align: left; text-indent: 2cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><br /></span></i></div>
<div class="ecxmsonospacing" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 14.25pt; margin: 0cm 0cm 16.2pt; text-align: left; text-indent: 2cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><br /></span></i></div>
Clube do leitor de Sousahttp://www.blogger.com/profile/18152408405364712796noreply@blogger.com0Sousa - PB, República Federativa do Brasil-6.7676092 -38.22783609999999-7.2722012 -38.873283099999988 -6.2630172 -37.582389099999993tag:blogger.com,1999:blog-2029656210667223833.post-88223506936104007982013-01-17T12:11:00.002-08:002013-01-17T12:11:48.432-08:00Paula por ela mesma...<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIkTAtKQ4bIVNCFpmv_lTw-K7atz7w8fFK_eBgANY0FU_uzIsJEOLBgt-3j72Xy3lnhT_NCi0BTEkkQLSRPDfVKq_Uh5o1FLYlyUaXTKw9f_sleVioS-YKpf8tPAiY16r8YfbGaPdym2PL/s1600/paula.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIkTAtKQ4bIVNCFpmv_lTw-K7atz7w8fFK_eBgANY0FU_uzIsJEOLBgt-3j72Xy3lnhT_NCi0BTEkkQLSRPDfVKq_Uh5o1FLYlyUaXTKw9f_sleVioS-YKpf8tPAiY16r8YfbGaPdym2PL/s320/paula.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif";">PAULA IZABELA é Professora de Literatura, Produtora Cultural,
Parecerista Editorial e Blogueira.<span class="apple-converted-space"> </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br />
<br />
<span style="background: white;">Licenciada em
Letras (1997–2001) e Especialista em Literatura Brasileira (2001–2003) pela
Universidade Regional do Cariri – URCA; cursou extensão em Projetos Culturais
pela Fundação Getúlio Vargas – FGV através de programa do Ministério da Cultura
(2010–2012).</span><br />
<br />
<span style="background: white;">Nasceu em Juazeiro
do Norte – CE (1978), onde reside. Ao concluir o 4º semestre de Letras, após 02
anos trabalhando em Cartório, abriu mão da carreira de escriturária para se
dedicar à Educação (1999).<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<br />
<span style="background: white;">Passou a lecionar
do Ensino Fundamental ao Médio na rede privada, em cursos Pré-Vestibulares e
preparatórios para Concursos. Por 06 anos foi professora de Pré-Vestibular no
Serviço Social do Comércio – SESC, e por 03 anos, no Serviço Social da
Indústria – SESI. Em 2006, aprovada em concurso público, tornou-se professora
da Rede Municipal de sua cidade, cargo em exercício.</span><br />
<br />
<span style="background: white;">Por 10 anos,
ministrou cursos bíblicos para jovens, dirigiu grupos de Teatro em paróquias e
coordenou eventos católicos.</span><br />
<br />
<span style="background: white;">A partir de 2007,
iniciou atividades como facilitadora, palestrante, mediadora e produtora
cultural no Centro Cultural Banco do Nordeste – CCBNB, na Secretaria de Cultura
do Governo do Estado do Ceará – SECULT e outras instituições. Funções que
exerce no Ceará e na Paraíba atualmente.</span><br />
<br />
<span style="background: white;">Desde 2008, publica
contos, crônicas, poemas e sua agenda cultural no blog "<a href="http://paulaizabela.blogspot.com.br/" target="_blank">Viver medespenteia</a>". Escreveu o romance, ainda inédito, "Gatoeira para cães e
ratos". Seus textos também são publicados em sites e antologias impressas.<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<br />Fonte: <a href="http://www.facebook.com/paulaizabela?fref=ts" target="_blank">Facebook</a><br />Publicado por: <a href="http://www.facebook.com/senna.xavier?fref=ts" target="_blank">Senna Xavier</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Clube do leitor de Sousahttp://www.blogger.com/profile/18152408405364712796noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2029656210667223833.post-66677861056038929122013-01-15T10:54:00.000-08:002013-01-15T10:55:08.767-08:00Biografia <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJWpvZmXMyY3zvh50RNHP9963MGyR75rMERNv_gS6AfTrvdu9TQY42NhdZ0JoGS9i1_EF1lkHhAlENiU-nD2eZ_2OnKxrnbpWj2QC6hx6juMX8UcEjCwqoImZA-7V0f5zuNQ2Z5DdzmMgB/s1600/bandeira,+Jack%27s+Arts.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJWpvZmXMyY3zvh50RNHP9963MGyR75rMERNv_gS6AfTrvdu9TQY42NhdZ0JoGS9i1_EF1lkHhAlENiU-nD2eZ_2OnKxrnbpWj2QC6hx6juMX8UcEjCwqoImZA-7V0f5zuNQ2Z5DdzmMgB/s320/bandeira,+Jack%27s+Arts.jpg" width="210" /></a></div>
<br />
O recifense Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro. Em 1903, transferiu-se para São Paulo, onde iniciou o curso de engenharia na Escola Politécnica da USP (queria ser arquiteto, curso então ligado à escola de engenharia). No ano seguinte, abandonou os estudos por causa da tuberculose e retornou para o Rio, onde escreveu poesia e prosa, fez crítica literária e deu aulas na Faculdade Nacional de Filosofia. Por causa da doença, passou longos períodos em estações climáticas no Brasil e na Europa. Entre 1916 e 1920, perdeu a mãe, a irmã e o pai.<br />
<br />
Em 1917, publicou "A Cinza das Horas", de nítida influência parnasiana e simbolista. Dois anos depois, lançou "Carnaval", fazendo uso do verso livre. Já se mostrava um dos precursores da linha modernista, e Mário de Andrade o chamaria de "São João Batista do modernismo brasileiro". Apesar disso, em 1922, por não concordar com a intensidade dos ataques feitos aos parnasianos e simbolistas, não participou diretamente da Semana de Arte Moderna (nem sequer viajou para São Paulo).<br />
<br />
Fonte: <a href="http://educacao.uol.com.br/biografias/manuel-bandeira.jhtm" target="_blank">Uol</a><br />
Elaboração: <a href="http://www.facebook.com/senna.xavier?fref=ts" target="_blank">Senna Xavier</a><br />
<br />Clube do leitor de Sousahttp://www.blogger.com/profile/18152408405364712796noreply@blogger.com0